Humor e subversão na imprensa brasileira



 
O jornalismo alternativo surge no Brasil no período da ditadura militar como uma opção à grande imprensa, quase sempre censurada pelo regime ou sustentada por ele. Lampião da Esquina, Pif Paf, Bondinho... forma inúmeras as publicações que pipocaram afim de combater o regime, tendo no humor e na ironia uma forte base. 
 
O jornal O Pasquim desponta nesse ínterim, tornando-se a mais bem sucedida publicação dentre as tantas que nasceram nessa época, tornando-se objeto de culto entre os representantes do humor e do meio jornalístico brasileiro atual. Do semanário, saíram diversos dos maiores nomes do humor e da comunicação da história de nosso país, como Ziraldo, Henfil e Millôr Fernandes, só para citar os mais famosos.
O sucesso crescente do jornal logo gerou preocupação entre os militares e a grande imprensa, que não viam com bons olhos o aumento absurdo das tiragens em questão de poucos meses. O resultado foi a instalação da censura prévia aos meios de comunicação, o que levou, consequentemente, à prisão da maioria dos envolvidos n'O Pasquim.
Essa primeira fase do subversivo semanal foi o foco do documentário O Pasquim – A Subversão do Humor, lançado em 2004 e realizado, ironicamente, com recursos do Governo Federal. O filme compila uma série de entrevistas com os, direta ou indiretamente, envolvidos com a publicação. Percebemos, através das entrevistas, o quão longe foi a influência do Pasquim; influência essa que chega até a atualidade, nas atuais publicações. 
 
Os atores dessa grande comédia relembram, durante os 40 minutos do documentário, do nascimento do jornal, das gafes, das entrevistas clássicas (como a da Leila Diniz), dos dribles à censura, e do desgaste que todo esse processo causou no final a todos os envolvidos. Como explicou o jornalista Zélio, o Pasquim não cresceu empresarialmente porque o talento dos envolvidos não tinha esse viés, mas foi o suficiente pra deixar sua marca debochada na imprensa brasileira.
Mesmo não tendo se destacado pelas reportagens em si, o Pasquim foi um diferencial, à época, no que dizia respeito, além das entrevistas, às colunas e às charges. O discurso libertário, a nova linguagem jornalística (influenciada pelo jornalismo gonzo norte-americano), a crítica política e social e a ironia pesada davam tom ao jornal mais subversivo já publicado no Brasil!










Por Pedro Emmanuel

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