Assembleia Geral de Estudantes Fanor se reúne e escolhe comissão para dialogar com a direção da faculdade

Como evitar um conflito

Tudo parecia se encaminhar para um confronto entre a Faculdades Nordeste e alunos do movimento estudantil que organizaram a Assembleia Geral de Estudantes da Fanor. Primeiro, logo cedo o contingente de segurança particular na faculdade aumentou misteriosamente. Antes, apenas uma moto com um segurança ficava na parada do ônibus. Agora, além da moto, apareceu um carro e mais dois seguranças. 
Adris Segurança
Para o próprio Supervisor da empresa Adris Segurança, o funcionário Azevedo, o contingente maior seria chamado "para conter o evento" que ocorreria na noite desta quarta passada dia 21 de março. O evento que a faculdade havia passado para eles era uma colação de grau, sendo que a mesma não se realizou na noite de quarta. Segundo declarações de Henrique Fairbnks Chefe de Segurança Fanor, a empresa tem um serviço de ronda que trabalha ostensivamente, a empresa é terceirizada e tem revesamento de funcionários, sendo aquele maior contingente naquele dia algo de rotina da empresa. 
A nossa equipe de reportagem voltou ao local nesta quinta e encontrou apenas uma moto e somente um segurança. 
Kombi Critica Radical
Outro fato que chamou a atenção antes do início da Assembleia foi a presença da  Kombi do grupo Crítica Radical que estava ali para dar apoio ao movimento estudantil, porém estacionou em local proibido e logo apareceram trabalhadores da faculdade pedindo que retirassem dali aquele veículo. No meio da confusão alguns alunos se aproximaram e tentaram convencer líderes do movimento a não perderem a razão e dar margem à faculdade de se achar no direito de agir de forma mais ríspida. 
Foi o que fez Alexandre Maia estudante do quinto semestre de Direito do turno da manhã que disse que "o movimento deveria respeitar a ordem jurídica, pois ali era uma instituição privada". O movimento pacífico é um movimento garantido pela Constituição. Os líderes do movimento entraram em acordo com a segurança da Fanor e estacionaram o carro num lugar adequado. 


Passado o susto inicial a manifestação começou a juntar estudantes ao redor das lideranças do movimento estudantil. Quando começaram as falas às 19:00, a Fanor já estava tomada de alunos na entrada. Alguns com cartazes onde se liam as reivindicações dos estudantes. Olhando de longe, mais com bastante atenção estava Da Matta, diretor geral da Fanor. 

Reunião de novas ideias
Neto Alves aluno do quinto semestre de psicologia começou a falar e observou que "não estavam ali para pedir transferência e sim como aluno amava a faculdade e queria respeito e que fosse criado um canal aberto de diálogo". Não queria somente uma ouvidoria que tem um e-mail corporativo, por meio do qual, quando o estudante está insatisfeito, "manda a instituição alguma mensagem, uma coisa totalmente impessoal, totalmente fria". Para ele a participação no movimento é uma forma de viver a experiência acadêmica na prática. Neto ressaltou que na presente Assembleia todos têm direito a voz, porem só os alunos tinham o direito de votar. Para ele a equipe de Marketing da Fanor sempre que vê algo nas redes sociais está pronta para responder, mas quando é para responder ao aluno não tem a mesma velocidade. 

Também assistindo tudo, Rafael Vieira Gerente de Marketing Digital da Fanor salientou que "o papel das redes sociais é ir até o aluno, estando ali para orientá-lo". A Fanor tem uma posição de diálogo aberto com os alunos e líderes do movimento. Foi feito um comunicado oficial expedido no site explicando a posição da entidade.  

A primeira pauta da assembleia foi sobre a cobrança de taxas abusivas pela Fanor. Gleisson  Oliveira do curso de Direito leu a resolução 03/1989 do Conselho Nacional de Educação que fala sobre o direito de ressarcimento dos alunos em caso de taxas acima do permitido.  

Israel Colares do quarto semestre de Jornalismo, que estava ali vendo a Assembleia, diz achar que "os estudantes tem de estar unidos, cobrar seus direitos e se manifestar de forma organizada". Já Aiane Batista  - quarto semestre do curso de Radio e TV - diz não saber bem as reivindicações daquele movimento, porém cita um problema que teve no NAA: “paguei um boleto e houve um problema na impressão, por isso vou pagar mais juros.”  

Ali presente Da Matta diz não saber o quê o movimento pretende. Porém em relação as taxas “abusivas” foi feito um comunicado através do Facebook: “conforme já informado em nosso site e em nossas redes sociais, reajustes não ocorriam há cinco anos, fazendo-os assim necessários para atualizar os custos dos materiais e serviços disponibilizados pela instituição. No entanto, para oferecer mais comodidade a todos, serviços como declarações, emissão de histórico escolar e programa de disciplinas podem ser obtidos no portal Academus gratuitamente. Uma vez impressos, esses documentos podem ser carimbados no Núcleo de Atendimento ao Aluno(NAA) (veja aqui), sem custo adicional”. Para ele a faculdade está aberta ao diálogo, mas não iria se pronunciar enquanto a comissão não estivesse formada.
Entre as pausas das falas estudantes ensaiavam gritos de ordem que contavam com a participação de boa parte dos estudantes ali presentes. Um desses gritos foi criado pela aluna Amanda Abdala do curso de jornalismo: “NÃO PAGO! NÃO PAGARIA! O MEU FUTURO NÃO É MERCADORIA!” 

A segunda pauta foi sobre a linha de ônibus 810 Praia do Futuro, que não passa mais dentro da Fanor, prejudicando muitos projetos na faculdade, como no caso da Fisio-Clínica de alunos do curso de Fisioterapia. O projeto atende pessoas com dificuldade de mobilidade e está sendo prejudicado já que os usuários do projeto não estão conseguindo ir a faculdade devido ao ônibus parar bem longe da entrada. Para Gabriel Coutinho aluno de Fisioterapia da Fanor e estagiário do projeto, o número de beneficiados caiu, "agora só quem tem transporte próprio ou usa táxi está indo ao tratamento". 


A Fanor num comunicado no site explica que a o serviço foi suspenso devido a algumas poucas pessoas que insistem em colocar seus veículos particulares na esquina da faculdade com a Rua Antônio Gomes Guimarães, apesar das sinalizações de “proibido estacionar”. Tal comportamento impede que o ônibus manobre com agilidade, fazendo com que o tempo de percurso da linha aumentasse consideravelmente ou houvesse colisões no local. Devido a esse problema, a empresa de ônibus que presta o serviço decidiu sumariamente pela mudança de rota. A Fanor já está em contato com a empresa citada e com a Secretaria de Transportes de Fortaleza para tentar que o serviço seja reestabelecido. A instituição também irá reforçar a sinalização nas áreas de manobra dos ônibus para evitar possíveis transtornos. 

Houve outras reivindicações como o baixo salário dos professores e a falta de incentivo para iniciação científica, com a falta de verbas. Gleyson Costa reclama das taxas da biblioteca que são altas, tendo alunos que já pagaram R$ 200,00 de taxa, a mesma podendo ser substituída por uma suspensão no aluguel de livros  por um período. 

Comissão em defesa dos estudantes
Depois de ter sido feita todas as reivindicações foi escolhida uma comissão de 07 alunos: Monteiro-jornalismo, Regys- Design, Ari Filho- Arquitetura, Edson Soares- Engenharia de Produção, Dayalisson- Direito, Mateus- Administração, Camila- Enfermagem, Anderson Gomes Psicologia, Gerson- Direito Representante dos africanos. 


Gerson Andrade do sexto ano do curso de direito e também representante dos africanos salientou que a assembleia já deveria ter sido feita a mais tempo. Para ele, desde o semestre passado a Fanor não vem levando a sério as mudanças impostas pela adesão ao padrão Devry.

Ao final alunos aplaudiram o movimento e foi feito uma coleta entre todos para que se pagasse a gasolina da Kombi (carro de som) do Crítica Radical, algo comum em movimentos estudantis que estão iniciando seus trabalhos.












Por Carlos Emanuel


Participacao especial: Monteiro

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