No que você está pensando agora?

Alguns anos atrás, quando utilizava o Orkut como minha principal rede social, tinha o costume de atualizar as informações a meu respeito no perfil com crônicas que iam surgindo na minha cabeça à partir de acontecimentos comuns do dia a dia.

Mas sempre ficava em mim a sensação de que havia pouca interação com as pessoas que eventualmente poderiam ler. Imaginava um "orkut" onde fosse possível escrever coisas no próprio perfil, coisas sobre as quais eu estava pensando, e compartilhá-lhas com outras pessoas que poderiam emitir suas opiniões a respeito.

Não via nisso nenhuma forma de narcisismo particular ou exibicionismo, mas um modo de dividir com os outros aquilo que me inquietava, com a simples intenção de "pensar juntos". Como aquele site de relacionamentos não oferecia esta plataforma e eu estava cansado de tantos "espetáculos de 'vidas felizes' enquadradas em fotos digitais" resolvi abandonar o Orkut.

Anos depois reencontro um site de relacionamentos e voilà! eis ai no Facebook o que por falta me fez desistir daquele outro site. Parece até que estou fazendo propaganda do face, mas o que estou tentando dizer é que, além de utilizar esta rede social, passo algum tempo pensando como ela tem alterado nossa maneira de viver, de nos relacionar, o modo como muitos lidam com a solidão cotidiana, compartilham suas realizações e insatisfações, marcam encontros e fazem protestos, sendo possível até sentirem-se menos sozinhas ou infelizes.

Dias atrás nosso amigo Kennedy Ribeiro lembrou uma pesquisa que mostra o contrário do que muitos pensavam: quem usa as redes sociais virtuais não necessariamente tem menos vida social "real". Claro que tudo tem seu lado compulsivo, doentio. Porém, para muitos, esse tipo de experiência do real-atual via o virtual tem sido um espaço bem mais promotor de vida-pensamento-reflexão do que certos espaços urbanos de "convivência real" que há por ai. E tudo começa com uma simples pergunta: afinal, "No que você está pensando agora?".

Neto Alves

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