Numa
manhã azul turquesa,perfumada do jasmin menino,ainda só pureza
n'alma, nasce sá Anabela. Cheinha de mimos, seu Juca e dona Lívia
envolviam-na de algodão, acolchoando sua vida de todas as asperezas.
Sapequinha,
toda risinhos ingênuos, pela vida ser só amor, flor, floresta,
botão, viço derramados na pradaria sem-fim. Casquinha de ferida no
nó-do-pé. Dói-que-dói sinhozinho. Ainda havia na fronha a mancha
de sangue, dois pontos casados no meio do verde-oliva do
vestidinho-do-travesseiro. Duas maçãs na floresta, dois focos de
incêndio na mata.
Mamãe
não traz mais Cajá-mirim, porque agora é a estação da soja. Tão
bom que era aquele azedinho pinicando a língua, fazendo careta.
Quando
saio na caatinga, Rubinho diz que sou bonita,e eu vejo os olhos dele
brilharem de alegria. E aí eu sinto no peito um ritmo de
samba-do-mato, pois tudo o que sai do mato sai mais verdadeiro.
Lembrança da Vovó Jussara.
-Rubinho,
cê sabe do que que é feito o amor, o sabor que tem, o cheiro?
-Se
for bom tem cheiro de camomila e o gosto de manga rosa.
Decidi
que, quando sentir de uma vez só no espírito o cheiro da camomila e
o sabor da manga rosa, serei feliz. Será um eterno beijo do meu
primeiro amor...
Por Daniel Victor
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