Sunshine, de 2007, é basicamente um Big Brother com doses de suspense à Alien e uma pitada de reflexão filosófica, que explicarei mais adiante. Sunshine inicia com a nave Ícaro II indo na direção do Sol, pois este está morrendo, o que implicaria na extinção da vida na terra. O ano é 2057. A Ícaro I falhou na missão de revitalizar o Sol e está desaparecida no espaço há sete anos. A Ícaro II é a única esperança da raça humana, ela leva uma tripulação de 8 pessoas, entre elas cientistas e astronautas, e uma bomba atômica com o tamanho da ilha de Manhattan para ser atirada no Sol e provocar uma reação que teoricamente o faria renascer.
Durante a viagem a Ícaro II perde o contato com a Terra devido à grande distância que se encontrava da mesma, e intercepta um S.O.S. da Ícaro
I, depois de uma reunião seguida de uma votação, onde prevaleceu a
decisão do físico e protagonista do filme Robert Capa, interpretado pelo ator irlandês Cillian
Murphy, único na tripulação que conhece o funcionamento da bomba
transportada pela nave, os tripulantes decidem desviar sua rota para
tentar recuperar a bomba transportada pela Ícaro I. Segundo a estimativa de Capa, duas bombas tinham mais possibilidades de obter sucesso na missão. Eis um diálogo bastante revelador do enredo do filme entre Capa e Cassie (Rose Byrne), piloto da nave Ícaro II, ela diz: “É diferente ter medo de não voltarmos para casa e então saber que não voltaremos.”
Capa responde: “Nossa sobrevivência depende do que nós salvarmos na Ícaro I.”
Capa: “Quando a bomba estelar for detonada pouca coisa ocorrerá no
início. E então uma centelha ganhará vida e brilhará por um instante,
flutuando no espaço. E então se dividirá em duas. E essas duas se
dividirão de novo e de novo e de novo. Em uma detonação além de qualquer
imaginação. Um Big Bang em pequena escala. Uma nova estrela nascendo de outra. Acho que será lindo. Não. Não estou com medo.”
Cassie: “Eu estou.” - Sem dúvida, muito reflexivo.
A reflexão filosófica (a parte mais interessante do filme) fica por
conta da discussão se o homem tem o direito de ir contra a natureza e
prolongar sua existência, mesmo estando condenado à extinção devido ao
desaparecimento do Sol e ao inevitável inverno severo que dominará a paisagem terrestre.
A parte que homenageia Alien tem como representante o profeta/sobrevivente/serial killer Pinbacker, representado por Mark Strong, que, enlouquecido pelo isolamento da nave Ícaro I, que se encontrava perdida no espaço, decide exterminar a tripulação da nave que o resgatou. Um excelente monólogo de Pinbacker, transmitido no momento em que Capa, o técnico em mecânica e piloto da Ícaro II Mace (Chris Evans) e o oficial/técnico de comunicações Harvey (Troy Garity), transformado em novo comandante da nave após a morte do capitão Kaneda, conseguem entrar na nave-fantasma Ícaro I: “Sou Pinbacker. Comandante da Ícaro I. Abandonamos nossa missão. Nossa estrela está morrendo. Toda a nossa ciência...todas
as nossas esperanças...os nossos sonhos são tolos. Perante isso nós
somos pó. Nada mais. E para esse pó retornaremos. Quando Ele escolher
que morramos...não é nossa função desafiar a Deus.”
A
referência ao ícone televisivo Big Brother (que não assisto) é
representada pelas descargas hormonais que terminam em pancadaria, troca
de acusações e paranóia entre os integrantes da Ícaro
II, o isolamento e o confinamento parecem revelar o lado mais amoral e
sombrio das pessoas, mesmo técnicos e astronautas experientes são
levados a atos que não praticariam em outras circunstâncias. Alguns se
sacrificam sem o menor sinal de medo, como o capitão Kaneda (Hiroyuki Sanada) e o suicida Trey (Benedict Wong), enquanto outros se tornam grandes covardes egoístas, preocupados apenas em sobreviver a qualquer custo, mesmo que para isso devam abrir mão da integridade, nobreza de espírito e do altruísmo para com seus semelhantes.
Há também os que possuem traços de uma excentricidade divertida e
inofensiva para os demais, como o psicólogo da missão Searle (Cliff
Curtis), que sente uma profunda obsessão pelos efeitos da luz solar em si mesmo.
Outro ponto digno de nota é o interessante nome dado às naves do filme, segundo a mitologia grega Ícaro fora preso no labirinto do Minotauro juntamente com seu pai, para escapar construiu asas a partir de cera do mel de abelhas e penas de gaivota, então fugiu. Ícaro fora advertido pelo pai que não voasse próximo ao Sol, porque o calor faria com que a cera fosse derretida. Foi o que ocorreu, Ícaro despencou para a morte.
O diretor inglês Danny
Boyle imprime na película de ficção científica sua marca autoral, que é
um grande virtuosismo técnico, recheado de belas imagens, responsabilidade também da competente fotografia do alemão Alwin H. Kuchler, o apelo ao público jovem e uma trilha sonora cool bem escolhida, representada pelo compositor John Murphy e o duo de música eletrônica Underworld.
Alex Garland, o roteirista, inglês como Boyle, com Sunshine continua sua bem sucedida parceria que teve início com A Praia (The Beach), de 2000, o roteiro foi inspirado no primeiro romance de Garland, depois veio Extermínio (28 Days Later) de 2002, texto escrito a pedido de Boyle, assim como o filme analisado neste texto. Garland recentemente escreveu o roteiro de Dredd, inspirado no personagem dos quadrinhos ingleses.
O custo total de Sunshine foi de 40 milhões de dólares e arrecadou US$ 32. 017.803 pelo mundo.
Referências:
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/83761/sunshine-alerta-solar-2007-83761/ página visitada em 26/10/2012
http://tudo-em-cima.blogspot.com.br/2007/04/filme-sunshine-alerta-solar.html página visitada em 26/10/2012
http://www.epipoca.com.br/filmes_critica.php?acao=D&idf=11672&idc=2318 página visitada em 26/10/2012
Por Roberto Eduardo
Um comentário:
Danny Boyle foi o que dirigiu aquele filme horrível com o Leonardo DiCaprio chamado A Praia, mas fez Cova Rasa e Trainspotting, filmes independentes bem recebidos pela crítica, esse SunShine me parece um cult indie.Apesar de ter custado 40 milhões,caro para um independente.
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