Páginas em branco

As páginas da vida estão sempre em branco a nossa frente com todas as possibilidades de serem preenchidas por nós da melhor forma possível. Ontem estava eu comemorando o aniversário da Stefany (11 anos) filha da minha namorada. Para nós adultos cada um estava ali para cumprir seu papel diante do absurdo das nossas limitações humanas.
Marciana, Stefany e Carlos Emanuel foto: Luana Géssica

As crianças estavam felizes, curtindo a fase melhor da vida, com sua alegria de sempre. Eu estava no papel de padrasto e de pessoa que junto a namorada recebia os familiares. Gente simples, sem grandes maldades e felizes por se reunirem juntas e comemorar a alegria de mais uma data especial.
Ontem foi escrito mais uma página da vida de várias pessoas, cada um com seu íntimo pensamento e sua maneira singular de ver o mundo. Eu chego em casa depois da festinha e vou cuidar da minha casa, do gato de estimação, dando uma banho nele, focar nos meus filmes e séries e na saudade daquela lembrança emoldurada na mente.
Não é fácil ser adulto e seguir o caminho "bom" da vida. Seis meses depois de ter tomado o último gole de álcool eu achava que minha vida iria mudar para melhor derrepente e nem tudo é bem como imaginamos. O dinheiro que era farto ficou bem pouco. As contas sendo pagas em contra-gotas e como diz minha companheira "vivendo uma vida mesquinha", contando as moedas.
Eu entendo que para conseguir chegar "lá" é necessário buscar o caminho mais difícil que dará uma base firme para quando um dia a fartura vier a gente saber lidar com ela, sem deslumbramento, mas entendendo que "ter" é apenas um mínimo lado da história. Não é preciso ser um sábio budista, ou um líder espiritual para compreender que as atribulações são uma etapa para um aprimoramento do "eu" interior.
As religiões já não representam a humanidade fazem tempo, mas a gente precisa sim de um referencial para nossa vida. Não é possível acreditar que tudo se acabe mesquinhamente, quando nós fecharmos nossos olhos e o corpo putrefar em alguma cova de algum cemitério. Apesar de eu querer ser cremado no fim.
Dentro da lógica da boa vivência é necessário "morrer" algumas vezes para conquistar alguns desejos. A gente vive mesmo essa incoerência carcomida pelos contratos sociais a que somos submetidos. Tudo isso porque a nossa barriga ronca e temos fomes e as vezes é natural que temos que tocar a vida num pianinho, com pouco de vontade de viver.

Nenhum comentário: