MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO, DE MARC FOSTER E ZACH HELM

Harold Crick (Will Ferrell) é o estereótipo do homem comum, mas como “de perto, ninguém é normal”, ele tem suas excentricidades, por exemplo: Harold é um escravo do relógio, que pega o ônibus para o trabalho todos os dias no mesmo horário, metodicamente , cronometra o tempo que gasta na pausa para o café e conta de maneira obsessivo-compulsiva quantas vezes escova cada dente em sua boca.
     Harold é também um solitário, até o dia em que conhece Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal), uma mulher rebelde que o encanta justamente por ser seu oposto, enquanto ele planeja seus dias cuidadosamente e não deixa espaço para acasos, é arredio e guiado pela rotina, ela é espontânea e de temperamento forte, uma mulher de incrível vigor e carisma.


      É neste período que Harold descobre ser uma criação literária, uma personagem de um livro que está sendo escrito pela autora Karen Eiffel (Emma Thompson), uma escritora perturbadoramente depressiva, que costuma assassinar seus protagonistas ao final de cada romance. O meticuloso personagem descobre que não tem controle sobre seu destino.
     Harold descobre o valor da vida ao

receber a notícia de que morreria, enquanto se consulta com um amalucado professor universitário de literatura chamado Jules Hilbert (Dustin Hoffman), para descobrir uma maneira de prolongar sua existência.
     Este filme de enredo absurdo nos remete à questão filosófica da busca por nosso criador, também presente no filme Blade Runner, onde os replicantes Nexus - 6 voltam de Marte até a Terra para tentar conseguir mais tempo de vida, mas acabam por  assassinar seu “pai”, o cientista Tyrell, e se condenando à extinção. Mais Estranho que a Ficção, mais otimista em sua proposta, mostra que o encontro entre criador(a) e criatura poderia produzir efeitos benéficos para os dois lados, fazendo com que ambos repensassem certos conceitos que atrapalhavam suas vidas.
     O filme está recheado de referências à carreira dos Beatles (bastante sutis), como: a assistente de Karen, que se chama Penny (da canção Penny Lane), há a presença constante de maçãs verdes, como no nome da gravadora da banda, a Apple Corps, há cenas gravadas na rua Abbey Road, capa do 12º álbum dos Beatles e o personagem de Will Ferrell é um Taxman, cobrador de impostos, como na música do disco Revolver.
     Os grandes das ciências exatas também são referenciados, eles são homenageados nos sobrenomes de personagens importantes, como: Francis Crick, inglês que descobriu o DNA junto ao norte-americano James Watson, Blaise Pascal, francês que criou o teorema que leva seu sobrenome, David Hilbert, alemão que publicou Fundamentos da Geometria, Gustave Eiffel, engenheiro francês que construiu a Estátua da Liberdade e a torre que leva seu sobrenome, há ainda Maurits Cornelius Escher, holandês que uniu matemática e artes plásticas.
      Um exemplar singular de criatividade e roteiro bem construído, aliado a uma direção segura, Mais Estranho que a Ficção caminha entre a difícil linha divisória de gêneros, não se sabe se é uma comédia ou um drama, e até brinca com isso através da inteligente metalinguagem, em mãos menos preparadas poderia ter se tornado um grande fiasco, mas sua força reside principalmente nesta indefinição

Referências:
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=897 página visitada em 11/08/2012
http://omelete.uol.com.br/cinema/mais-estranho-que-a-ficcao/ página visitada em 11/08/2012
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u67514.shtml página visitada em 11/08/2012
http://www.confrariadecinema.com.br/links/filme/stranger_than_fiction/mais_estranho_que_a_ficcao/mais_estranho_que_a_ficcao.jsp página visitada em 11/08/2012
http://criticadearte.blogspot.com.br/2007/05/mais-estranho-que-fico-2006.html página visitada em 11/08/2012
http://meioorc.com/artigos/mais-estranho-que-a-ficcao/ página visitada em 11/08/2012
http://vcviu.com.br/filmes/comedia/mais-estranho-que-a-ficcao/ página visitada em 11/08/2012
http://www.contracampo.com.br/84/critmaisestranho.htm página visitada em 11/08/2012
 
   
 Por Roberto Eduardo

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